quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Um manuscrito sonameliano autêntico!!!




Aqui está o prémio para a Alexandra e para o Chico que eles, generosamente, partilham com toda a classe.


Como imaginam, o que dá valor a esta cópia miserável não é a caligrafia, cuja análise revela instantaneamente a desorganização mental e o carácter duvidoso de quem a escreveu, nem tão pouco o desenho, que, além de não ter qualquer relação com o tema do texto, exibe umas cores tremendamente feias. O que torna este documento verdadeiramente valioso é o "Bom", quase ilegível, benévolamente atribuído a este trabalho pela própria mão da Srª D. Amélia, o que só demonstra a sua infinita paciência e carinho a lidar com as avantesmas que éramos todos nós, embora uns mais do que outros...
P.S. A propósito de uma reminiscência da São, que evocou o Sr. Mário e a sua lendária mercearia, pensei que teria piada formarmos uma galeria de personagens e lugares sonamelianos. Uma personagem seria, óbviamente, o Sr Mário, a mercearia e também a sua misteriosa sobrinha...outra que eu sugiro, e penso que o Manel também, é o Sr Manuel, barbeiro com estabelecimento num anexo do Palácio Hotel, mas há mais de certeza....mais sugestões?



4 comentários:

chico disse...

Obrigado Júlio pelo prémio que, embora não mereça na totalidade, guardarei religiosamente.
Concordo com a valorização incalculável atribuida àquele B maiúsculo (leia-se be e não bê). No entanto, não posso deixar de elogiar a qualidade de toda a obra.
O desenho destaca-se do texto alcançando uma tal autonomia estética que ultrapassa largamente a sua mera condição ilustrativa. Note-se a recusa do óbvio na representação dos personagens e a gestualidade furiosa do céu ou esplendorosa da relva, numa subtil alusão a Elia Kazan*. Ou o rasgo de liberdade formal com que representas o punhado de cascas de banana como sol. Para não falar na exaltação da ambiguidade poética com que, usando a dupla metáfora da casa amarela e castanha, incorporas a dicotomia Menina Cabra/Senhor Macaco. E, a todo o simbolismo freudiano que nos remete para a obsessão do jovem Édipo pelo leite materno, sobrepões com singular mestria hiper-realista a transparência do copo que nos deixa ver todo o desenho. Admirável! Como se não estivesse lá de tão cristalino. E o leite, em toda a pureza de brancura maternal, espalha-se livremente pelo vazio dos espaços que genialmente deixas materializar por entre o emaranhado da relva e do azul do céu. Um verdadeiro clássico! Faz-nos ouvir as trombetas da criação celeste.

Obrigado Júlio por esta grandiosa demonstração de sonameliedade.

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* Elia Kazan, Splendor in the Grass, 1961, c/ Warren Beatty e Natalie Wood.

júlio disse...

Realmente a tua análise fez-me olhar para o meu desenho duma forma radicalmente diferente.Assim tudo ganha de facto um sentido e se torna claro...
...claro de tal forma que até tenho uma proposta irrecusável para te fazer:porque não reinstituimos uma prática eminentemente sonameliana- a troca de cromos- aplicando-a agora a obras de arte? Chico, trocas?

chico disse...

óptima ideia Júlio, vou já rebuscar o meu sotão à procura de obras que se enquadrem neste espírito sonameliano.

júlio disse...

Não precisas de ir ao sotão.O espírito sonameliano esteve sempre presente e agora está mesmo ainda mais apurado nas tuas obras actuais. Este fenómeno é um caso típico daquilo que, segundo a psicologia da criação artística, é correntemente classificado como "Síndrome da monotonia dos grandes génios". Assim se fores antes ao atelier escusas de subir as escadas do sotão, apanhar um ataque de asma, ser assombrado pelo fantasma do Sr. Vítor...só penso no teu bem.